quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ao pôr do sol

By: Gabriella às 13:25

       Enquanto uma lágrima caia e de meus olhos, minha mente vagava pelo campo em que estava. Uma campina na verdade, vegetação bem rasteira, pôr do sol. À minha frente, a floresta abria, alta e assustadora, mas eu não queria sair.
       Havia dado alguns passos desde que a primeira lágrima havia caído sobre uma rocha, enquanto estava sentada com ele. Ele havia levantado, estávamos distantes. Entre nós, havia, no mínimo, cinqüenta metros. Estávamos isolados, sim. Mas era melhor. Eu precisava contar à ele. Pedi um lugar como aquele. 
       Eu, com minha blusa branca e uma calça jeans. Já ele, chique, com uma camisa de marca e calça. Deitamos na rocha, e ele me perguntou, então, qual era o problema que tinha nos levado até lá. Não queria falar, e meus olhos começaram a lacrimejar. Minha visão se tornou turva, e minha respiração, ofegante. Ele estava, até então, fazendo cafuné em mim. Quando as lágrimas começaram a cair, ele sentou e me pegou no colo, como se eu fosse um bebê.
       Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que falar, porém esperava realmente que fosse mais tarde. De qualquer forma, minha sorte nunca está à meu favor, e, me sentando na rocha, ele levantou meu pescoço e disse:
       - Por favor, me explique o que está acontecendo.
       Minhas lágrimas se fortaleceram novamente, mas desta vez  não as deixei tomarem conta de mim. Levantei meu olhar, que antes encarava seus pés, e, ainda chorando um pouco, contei-lhe tudo. Expliquei que estava doente, expliquei que, para pagar meu tratamento, meus pais teriam que se mudar, expliquei, então, que eu iria para longe; muito longe. Meu pai era médico formado em dois países, e um deles era a Alemanha. Ele, então, ia trabalhar lá, onde o tratamento médico é melhor, e mais barato. E eu ia junto. Ele segurou a minha mão, e olhando para o chão, perguntou:
       - O que você têm?
       Respondi-o vagamente, com um " Não faz diferença agora ", mas minhas lágrimas voltaram a cair, quando terminei de pronunciar. Sim, sempre fui muito emotiva.
       Ele se levantou, e me pegou em suas mãos. Sempre estarei contigo, pronunciou. Tirou do bolso uma pequena caixinha vermelha, a abriu e estendeu em minha direção. Um delicado anel reluzia lá dentro. Ele tirou da caixa, e com o anel em suas mãos, me olhou e perguntou:
       - Posso?
       Assenti com a cabeça, mas antes de qualquer coisa, avisei-o. 
        - Você têm consciência, não é? De que vou embora, e ninguém sabe quando volto, e se volto. Posso nunca mais vê-lo.
       Ele então, levantou a manga de meu casaco vermelho que cobria meus dedos e colocou o anelzinho em meu anular. Levantei-me e fui embora.
       Porém, quando me virei, antes de entrar na floresta, olhei para trás, e ele ainda estava lá, sorrindo para mim.  E então, entrei em na floresta, em minha nova vida.

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ao pôr do sol


       Enquanto uma lágrima caia e de meus olhos, minha mente vagava pelo campo em que estava. Uma campina na verdade, vegetação bem rasteira, pôr do sol. À minha frente, a floresta abria, alta e assustadora, mas eu não queria sair.
       Havia dado alguns passos desde que a primeira lágrima havia caído sobre uma rocha, enquanto estava sentada com ele. Ele havia levantado, estávamos distantes. Entre nós, havia, no mínimo, cinqüenta metros. Estávamos isolados, sim. Mas era melhor. Eu precisava contar à ele. Pedi um lugar como aquele. 
       Eu, com minha blusa branca e uma calça jeans. Já ele, chique, com uma camisa de marca e calça. Deitamos na rocha, e ele me perguntou, então, qual era o problema que tinha nos levado até lá. Não queria falar, e meus olhos começaram a lacrimejar. Minha visão se tornou turva, e minha respiração, ofegante. Ele estava, até então, fazendo cafuné em mim. Quando as lágrimas começaram a cair, ele sentou e me pegou no colo, como se eu fosse um bebê.
       Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que falar, porém esperava realmente que fosse mais tarde. De qualquer forma, minha sorte nunca está à meu favor, e, me sentando na rocha, ele levantou meu pescoço e disse:
       - Por favor, me explique o que está acontecendo.
       Minhas lágrimas se fortaleceram novamente, mas desta vez  não as deixei tomarem conta de mim. Levantei meu olhar, que antes encarava seus pés, e, ainda chorando um pouco, contei-lhe tudo. Expliquei que estava doente, expliquei que, para pagar meu tratamento, meus pais teriam que se mudar, expliquei, então, que eu iria para longe; muito longe. Meu pai era médico formado em dois países, e um deles era a Alemanha. Ele, então, ia trabalhar lá, onde o tratamento médico é melhor, e mais barato. E eu ia junto. Ele segurou a minha mão, e olhando para o chão, perguntou:
       - O que você têm?
       Respondi-o vagamente, com um " Não faz diferença agora ", mas minhas lágrimas voltaram a cair, quando terminei de pronunciar. Sim, sempre fui muito emotiva.
       Ele se levantou, e me pegou em suas mãos. Sempre estarei contigo, pronunciou. Tirou do bolso uma pequena caixinha vermelha, a abriu e estendeu em minha direção. Um delicado anel reluzia lá dentro. Ele tirou da caixa, e com o anel em suas mãos, me olhou e perguntou:
       - Posso?
       Assenti com a cabeça, mas antes de qualquer coisa, avisei-o. 
        - Você têm consciência, não é? De que vou embora, e ninguém sabe quando volto, e se volto. Posso nunca mais vê-lo.
       Ele então, levantou a manga de meu casaco vermelho que cobria meus dedos e colocou o anelzinho em meu anular. Levantei-me e fui embora.
       Porém, quando me virei, antes de entrar na floresta, olhei para trás, e ele ainda estava lá, sorrindo para mim.  E então, entrei em na floresta, em minha nova vida.

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