sábado, 9 de outubro de 2010

Um brilho no olhar *

By: Gabriella às 11:12

       Estava em um dia normal na escola; quer dizer, aceitavelmente normal. Tinha acabado de descobrir que zerei a prova de Matemática e, mesmo pra mim, isso é bem raro. Assim que meu professor terminou de recolher as provas, a diretora do colégio entrou, pedindo que todos nos sentasse-mos. Quando nos sentamos, bem... Ela chamou uma garota de aproximadamente um metro e setenta de altura, com os cabelos pretos chegando quase na altura da cintura; e olhos amendoados que chegavam a assustar com a personalidade dentro deles. A diretora mandou-a escolher um lugar e foi embora; algum dos meus amigos disse para ela ir se sentar na cadeira vazia do fundo da sala: com um único problema. Aquela é uma cadeira em que, sempre que se senta, quebra. Essa é a intenção dela. Pregar uma peça nos alunos novos, e os professores deixam. Coitada dela, era tudo o que eu tinha a dizer: ela tinha uma aparência meio fraca, não magra demais, e sim fraca. Como se não comesse há alguns dias. Pensei em avisá-la, mas achei melhor que ela mesmo descobrisse.
       Porém eu estava, obviamente, errado. Quando ela caiu, se cortou em um dos pregos da cadeira, e começou a sangrar ( nããão, juuura? ). Eu quis dizer sangrar muito. E começou a chorar. E ninguém reparou, só eu. ( pois é, o povo é meio cego, né? ) . De qualquer forma, corri até ela; assustador, sim. Mas eu me importo com a saúde alheia, tá legal? Mas enfim, eu fui até ela, e lembra daqueles olhos amendoados assustadores? Enquanto eles me fuzilavam com muita raiva, me olhavam com ternura. Agora me diz, como isso é possível? Eu fiquei com medo dela naquele momento, mas ela estava chorando. E devia ter percebido que eu sabia do que ia acontecer e ficado quieto; eram meus amigos.
       O maior problema era que meu professor ( tonto ) de Matemática só reparou no acidente quando eu levantei e fui até ela, e ainda foi gritando comigo coisas do tipo:
       - Sr! Quem te deu autoridade pra levantar da cadeira no meio da aula?
       Agora me diz se eu mereço...
       E o braço da menina ainda estava sangrando; e ele ainda não tinha reparado. Me tirou à força do lado dela, e quando eu virei a mão na cara dele, ele me mandou ir para a diretoria. Pense um pouquinho: depois de tudo o que eu fiz, inclusive manchar a minha ficha de santinho por causa da tal garota, você realmente acha que eu ia simplesmente abandonar ela lá, machucada, sem ninguém ter reparado? Pois é, nope. Dei de costas para o professor e fui até ela de novo. Estava me olhando assustada, mas também, pudera. Quando, em seu primeiro dia de aula, alguém que você nunca viu na vida dá um tapa no professor por sua causa? Perguntei seu nome.
       - Sophie – ela murmurou. E o professor voltou atrás de mim, dessa vez, tomando um pouco de vergonha na cara e perguntando por quê um aluno exemplar como eu estava se “ rebelando” ( palavras dele ). Ele ficou literalmente passado quando mostrei o braço de Sophie, que, a essa altura, já estava pingando o sangue.
       Olhou pra mim e, acredite se quiser, me pediu desculpas. Pediu também para eu levá-la até a enfermaria, e voltou à frente da sala para dar sua aula.
       Peguei Sophie nos braços, e quando a estava levando até a enfermaria, ela desmaiou. Antes disso, só pude ouvi-la murmurar um “obrigada”, muito fraco.

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sábado, 9 de outubro de 2010

Um brilho no olhar *


       Estava em um dia normal na escola; quer dizer, aceitavelmente normal. Tinha acabado de descobrir que zerei a prova de Matemática e, mesmo pra mim, isso é bem raro. Assim que meu professor terminou de recolher as provas, a diretora do colégio entrou, pedindo que todos nos sentasse-mos. Quando nos sentamos, bem... Ela chamou uma garota de aproximadamente um metro e setenta de altura, com os cabelos pretos chegando quase na altura da cintura; e olhos amendoados que chegavam a assustar com a personalidade dentro deles. A diretora mandou-a escolher um lugar e foi embora; algum dos meus amigos disse para ela ir se sentar na cadeira vazia do fundo da sala: com um único problema. Aquela é uma cadeira em que, sempre que se senta, quebra. Essa é a intenção dela. Pregar uma peça nos alunos novos, e os professores deixam. Coitada dela, era tudo o que eu tinha a dizer: ela tinha uma aparência meio fraca, não magra demais, e sim fraca. Como se não comesse há alguns dias. Pensei em avisá-la, mas achei melhor que ela mesmo descobrisse.
       Porém eu estava, obviamente, errado. Quando ela caiu, se cortou em um dos pregos da cadeira, e começou a sangrar ( nããão, juuura? ). Eu quis dizer sangrar muito. E começou a chorar. E ninguém reparou, só eu. ( pois é, o povo é meio cego, né? ) . De qualquer forma, corri até ela; assustador, sim. Mas eu me importo com a saúde alheia, tá legal? Mas enfim, eu fui até ela, e lembra daqueles olhos amendoados assustadores? Enquanto eles me fuzilavam com muita raiva, me olhavam com ternura. Agora me diz, como isso é possível? Eu fiquei com medo dela naquele momento, mas ela estava chorando. E devia ter percebido que eu sabia do que ia acontecer e ficado quieto; eram meus amigos.
       O maior problema era que meu professor ( tonto ) de Matemática só reparou no acidente quando eu levantei e fui até ela, e ainda foi gritando comigo coisas do tipo:
       - Sr! Quem te deu autoridade pra levantar da cadeira no meio da aula?
       Agora me diz se eu mereço...
       E o braço da menina ainda estava sangrando; e ele ainda não tinha reparado. Me tirou à força do lado dela, e quando eu virei a mão na cara dele, ele me mandou ir para a diretoria. Pense um pouquinho: depois de tudo o que eu fiz, inclusive manchar a minha ficha de santinho por causa da tal garota, você realmente acha que eu ia simplesmente abandonar ela lá, machucada, sem ninguém ter reparado? Pois é, nope. Dei de costas para o professor e fui até ela de novo. Estava me olhando assustada, mas também, pudera. Quando, em seu primeiro dia de aula, alguém que você nunca viu na vida dá um tapa no professor por sua causa? Perguntei seu nome.
       - Sophie – ela murmurou. E o professor voltou atrás de mim, dessa vez, tomando um pouco de vergonha na cara e perguntando por quê um aluno exemplar como eu estava se “ rebelando” ( palavras dele ). Ele ficou literalmente passado quando mostrei o braço de Sophie, que, a essa altura, já estava pingando o sangue.
       Olhou pra mim e, acredite se quiser, me pediu desculpas. Pediu também para eu levá-la até a enfermaria, e voltou à frente da sala para dar sua aula.
       Peguei Sophie nos braços, e quando a estava levando até a enfermaria, ela desmaiou. Antes disso, só pude ouvi-la murmurar um “obrigada”, muito fraco.

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